Reflectir significa voltar a examinar-se a si mesmo. É suposto que após a aquisição de novas ferramentas cognitivas, os conceitos de STC que são apresentados em cada ficha, permitem observar as nossas histórias de vida numa perspectiva diferente.
Exemplo de reflexão a propósito da 1ª ficha:
No conceito weberiano de acção social devemos sublinhar (1) a intenção que motiva os indivíduos, mas também não podemos esquecer que (2) os actores se orientam se orientam por comportamentos esperados dos outros indivíduos e grupos sociais. Por exemplo, sem dúvida nenhuma que posso agradecer o meu investimento na informática à urgência de ultrapassar as deficiências motoras, limitação que transformei em motivação. A generalidade das pessoas nunca têm uma apetência tão grande pela informática porque nunca sentiram a mesma necessidade. Se eu não compreendesse que os indivíduos agem em função dos interesses, viveria em sistemático confronto com todos os colegas. A Sociologia tranquiliza-me, na medida em que compreendo que cada qual tem as suas tarefas definidas pela Escola, onde sou apenas mais um professor. Simultaneamente sinto alguma inquietação quando reflicto sobre o facto das novas tecnologias, terem mudado tudo: a comunicação humana, o lazer, o trabalho, a memória colectiva, os modelos de mercado e das transacções, o exercício do poder. É desastroso que as pessoas da Escola reflictam ainda dez anos depois sobre os perigos da Internet e que as Escolas se tenham tornado ambientes de trabalho menos informatizados que a sociedade, menos equipadas que a maior parte das empresas e das famílias. Estas tecnologias são incontornáveis e representam, apesar dos seus efeitos perversos, um progresso importante, onde o papel da Escola é evidentemente tentar oferecer as suas chaves.
Os alunos dos estratos inferiores ou têm a sua iniciação a estas ferramentas na Escola ou dificilmente terão oportunidades mais tarde, pelo que o combate à iliteracia digital é também um aspecto importante para reduzir as disparidades ao nível da repartição do rendimento. Os alunos dos estratos mais baixos são certamente os que tem mais a ganhar quando gasto mais tempo a utilizar computadores, mas paradoxalmente são os menos participativos, porque a sua insegurança os leva a recear "dar bronca" e serem motivo de galhofa na turma. É complicada a tarefa dos professores!